
Luiza Miranda é, no fundo, uma menina movida pela curiosidade. Sempre valorizou mais as perguntas do que as respostas, o que a levou a escolher o curso de História, que cursou na Universidade Federal de Minas Gerais. Durante a graduação, se apaixonou pelo tema da sexualidade mas logo percebeu que a sala de aula não seria o espaço mais adequado para explorar e compartilhar esse conhecimento da forma que desejava.
Convencida de que não poderia seguir na profissão em que se graduava da maneira que desejou, Lu decidiu buscar uma forma de obter renda extra e começou a revender produtos de sex shop, o ano era 2018. Percebendo o potencial do negócio, resolveu abrir seu próprio sex shop, que recebeu o nome de Deleite-se. Sem uma loja física, passou a circular pelos bares de Belo Horizonte à noite, levando uma maleta com os produtos e os oferecendo ao público. Foi assim que ficou conhecida como "Lu da Deleite-se" — e, com o tempo, simplesmente "Lu Deleite-se".
Durante as vendas dos produtos, Lu percebeu que seria necessário educar os possíveis clientes. Era preciso falar sobre sexualidade, sobre o corpo feminino e sobre o direito da mulher ao prazer. Foi dessa necessidade que surgiu a página do Instagram @ludeleitese. Inicialmente procurada para esclarecer dúvidas, orientar na escolha de produtos eróticos e auxiliar na forma de inseri-los nas relações, ela passou a oferecer consultorias. No entanto, isso ainda não era suficiente para atender à crescente demanda, especialmente das mulheres e para se preparar melhor e oferecer um atendimento mais qualificado, ela decidiu se especializar e fez um curso de Sexologia Clínica.
Ainda muito jovem, aos 17 anos, iniciou seu percurso de desenvolvimento psicológico ao procurar uma psicóloga, em um momento de intensa ansiedade. O atendimento foi na abordagem cognitivo-comportamental, mas ela se decepcionou com a superficialidade do método e logo buscou a psicanálise. Foi paixão à primeira vista. Mesmo enquanto analisanda, começou a estudar psicanálise de forma autônoma, e somente em 2020 iniciou formalmente sua formação profissional na área.
A formação em psicanálise consolidou não apenas sua atuação profissional, mas também ampliou seu olhar para questões sociais, de gênero e da sexualidade, temas que já a atravessavam pessoalmente e profissionalmente desde a época da faculdade. A escuta clínica se transformou, então, em ferramenta e ocupação.